segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mergulho Tecnico em Rifaina V

Domingo, 18 de outubro, Rifaina. Ja era o quinto mergulho do curso tecnico, desde a ultima vez, treinara para esse momento, o momento da virada. Havia feito 2 mergulhos de treinamento das habilidades exigidas no curso na Laje de Santos, na semana anterior. Estava mais tranquila, tudo havia saido como planejado. Dessa vez, nao poderia errar. Ajusto a bussola ainda na superficie, 120 graus identifica o lado Minas e 300, Sao Paulo, velhos marcadores conhecidos. Me equipo. Apos extensa natacao pela superficie, descemos 22 metros ate o fundo da represa, mantendo como referencial o pilar da ponte nova, a que liga Minas Gerais a Sao Paulo. Nadavamos guiados pelo cabo e pela luz de nossas lanternas, apos 4 minutos de mergulho, decido trocar para a lanterna mais potente, a outra nao dava conta. Conforme combinado seriam 40 minutos aos 30 metros, com 30 minutos de descompressao total. Nadamos seguindo o lado 120 da bussola e o cabo guia, na mesma escuridao de sempre...os pedacos de madeira, o tambor no fundo, o desvio da rota ate o tronco, ja eram familiares. Fomos ate o final do cabo, quando iniciamos um cabeamento proprio pois seguir sem cabo era impossivel. Subitamente nosso guia desvia a rota e comeca a esticar o cabo em uma outra direcao, checo minha bussola e percebo o erro,180??? aviso outro colega, a rota e corrigida. Santa bussola, ela nao mente jamais. De repente tudo foi escurecendo, seria uma visibilidade ruim??? ou a sombra da ponte???ou aumento na profundidade???? Continuamos mesmo assim, confiante de que retornariamos pelo cabo. Nadamos ainda uns 10 minutos naquela escuridao, presos ao cabo que mantinha nossa certeza de retorno, em volta muitos pedacos enormes de madeira adormecidos ali para sempre em cima de um tapete marron de lodo, estava tranquila. Novamente nosso cabo acabou. Aviso meus duplas de que o tempo esgotou-se, ja era hora de voltar, qualquer extensao no tempo representaria 13 minutos a mais de descompressao. Retorno pelo cabo e aos poucos vou deixando para tras aquele caminho escuro e sinto que ele nao mais me assombra, sua escuridao, seu fundo de lodo, aqueles pedacos enormes de madeira caidos um por cima do outros, ja nao eram mais estanhos, tormaram-se para mim velhos conhecidos. Na volta, a represa foi ficando rasa. Necessitando de profundidade, paramos para subir uns 5 minutos antes do previsto. Percebo que soltar o deco marker e a carritilha j'a nao me causam tanta dificuldade. Enfrento entao novo problema: frio, decorrente de uma longa parada descompressiva de 30 minutos. Tento nadar mantendo profundidade, mas os tremores sao inevitaveis, que falta faz uma roupa seca. Resisto ate completar a descompressao. Pena que nao passamos dos 30 metros ainda, a represa rasa daquele dia nao nos permitiu. Mais uma licao da natureza: gente acha que escolhe o mergulho, mas as vezes 'e ele quem escolhe a gente. A virada????, nem percebi, meus computadores estavam programados para apenas contar o tempo...minha tarefa era cumprir a descompressao. Falta ainda mais um mergulho, o mesmo plano, porem em um lugar novo para mim, nao estarei mais com meus velhos conhecidos...Saio da agua com a certeza de que o mergulho tecnico esta se tornando para mim uma realidade.

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